Câmara aprova projeto que proíbe uso de celular nas escolas

Professores da rede estadual de ensino dizem que medida será muito bem-vinda

Escola Estadual Liceu Nóbrega, no bairro da Boa Vista. Foto: Débora Reis/Entrepontes

Na última quarta-feira, 30, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que proíbe o uso de celulares nas escolas. A pauta segue agora para o setor de Constituição e Justiça da Câmara. O PL visa proibir os estudantes da educação infantil e do ensino fundamental 1 de levarem os aparelhos para escola, já os alunos dos anos finais do ensino fundamental e ensino médio estariam proibidos de usar o celular somente durante as aulas. Para esses, o uso só seria permitido nas atividades pedagógicas específicas.

Os alunos do sexto ano do colégio Liceu de Nóbrega, no bairro da Boa vista, contam que durante a aula preferem deixar o celular no modo silencioso, mas que ainda sentem vontade de mexer e durante o intervalo e a maioria prefere usar o aparelho a realizar outras atividades. A assistente de gestão Maria Ângela diz que problemas com o uso de celular são frequentes na escola e, em algumas situações, é necessário chamar os responsáveis para auxiliar.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) em 2022 54,8% de crianças e adolescentes entre 10 e 13 anos já tinham celular. Foto: Débora Reis/Entrepontes

Renan Leal é professor há 22 anos, ele explica que no Recife existe uma lei que proíbe o uso de celular durante as aulas, mas que na prática é difícil fazer o controle. Para ele, uma lei federal seria muito bem-vinda: “Com a federalização, eu espero que abre uma discussão em todo país a esse respeito porque os professores estão cansados. É uma luta diária contra isso”.

Caroline Pires, professora de língua portuguesa do Liceu, diz que até tenta utilizar o celular como ferramenta pedagógica, mas ainda assim os estudantes acabam se distraindo e realizando outras atividades nos aparelhos, como jogos e aplicativos como Instagram e Tik Tok e que, às vezes, ela precisa recolher alguns telefones em sala para dar continuidade às aulas. “A abstinência é tão grande que algumas até choram porque tiveram o celular recolhido”, confessa.

O professor de matemática Igor Serpa comenta que a família também precisa estar presente nessas discussões: “Existe a regra, mas fazer isso acontecer envolve um esforço coletivo e os pais e responsáveis também podem fazer parte disso orientando os filhos a usar o celular com consciência”.

Especialistas em comportamento infantil afirmam que estabelecer limites para o uso de telas, propor atividades coletivas e passeios ao ar livre podem ajudar crianças e adolescentes na socialização e na criatividade.