Candomblé deve se tornar patrimônio do Recife
- Christian Victor
- 14 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
Câmara municipal aprova religião afro-brasileira como patrimônio cultural da capital pernambucana

Na terça-feira, 29 de outubro, a Câmara Municipal do Recife aprovou um projeto de lei que reconhece o Candomblé como patrimônio cultural e imaterial da capital pernambucana. A iniciativa foi da vereadora Elaine Cristina, do PSOL, que segue a religião afro-brasileira. Para ela, o reconhecimento é essencial para dar visibilidade a religiões que integram a cultura do país e ainda carecem de valorização. “Ver meu projeto aprovado foi uma felicidade imensa e um encerramento com chave de ouro do meu mandato. Sinto que fiz algo significativo pela população de matriz africana e pelo Candomblé”, afirmou a vereadora. O projeto agora segue para sanção do prefeito João Campos.

O Candomblé, religião de matriz africana, chegou ao Brasil com povos escravizados que desembarcavam em nosso território até o final do século XIX, quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, pondo fim à escravidão no país. Hoje, o Candomblé é reconhecido como patrimônio cultural imaterial nos estados do Rio de Janeiro e Bahia, onde os terreiros, locais de culto e celebrações sagradas, são protegidos. Ainda assim, a intolerância religiosa permanece forte no Brasil, levando muitos adeptos a esconderem sua fé por medo de represálias.
Para o babalorixá Ivo, o combate ao preconceito é crucial. “Proteger religiões de origem africana pelo Estado é vital para que possamos cultuar nossos orixás e a jurema sagrada em paz, com o devido respeito de todos”, destaca Ivo. A votação não foi unânime, com três vereadores, Fred Ferreira (PL), Felipe Alecrim (Novo) e Ana Lúcia (Republicanos), votando contra a proposta. A vereadora Elaine Cristina lamenta essa resistência, mas reforça sua esperança de um futuro com mais tolerância. “Desejo que o racismo religioso seja superado, que possamos sair de casa sem medo e que sejamos tratados com respeito pelas autoridades”, afirma.
O projeto traz à tona a necessidade de um reconhecimento amplo e do respeito a todas as religiões, visando um futuro sem intolerância religiosa.
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